sábado, 24 de agosto de 2013

A CAMA DE CASAL FOI FEITA PRO CASAL, PARA O FILHO NÃO!


Esta imagem, que circulou na rede social Facebook, é retrato da vida de muita gente. O ponto central é: sem filho é possível namorar; com filho, cada um fica de um lado. E se cada um fica de um lado na cama, como vai o casamento?
Perante a lei, pode até ser que tudo vá bem, uma família bonitinha com seus pezinhos à mostra. Diante dos sentimentos, tenho lá minhas dúvidas. Por que um filho vai parar na cama dos pais?
1) Por falta de escolha: existe criança que nunca dormiu no próprio berço porque desde seu nascimento os pais preferiram que ela estivesse bem perto deles, em geral movidos pela angústia de se separar ou de um mal súbito acontecer com o bebê.  A criança não teve escolha e a cama dos pais passou a ser sua também. Se ela ainda não tem seu próprio canto, mesmo bem pequenininha, está na hora de providenciar um. Se os pais não conseguem fazer esta transição, devem procurar ajuda profissional. Mesmo quem vive em apenas um cômodo, a situação não se justifica, já que um biombo ou uma cortina funcionam como divisória que delimita o espaço dos pais e o do filho.
2) Por conveniência: existe criança que dormia lindamente em seu espaço privativo, mas numa bela noite chorou, talvez muito, que a mãe exausta, levou-a para dormir consigo. Levou na segunda, na terceira, na quarta, na quinta e em todas as outras noites. O pai consentiu topando uma cama a três ou deixando a sua e encontrando outro canto para dormir. Não estamos falando das esporadicidades, que até são aceitáveis, embora questionáveis, mas de uma rotina instaurada. Aqui, pai e mãe concordaram e continuam a concordar com a situação porque estão ganhando alguma coisa. Fica então a pergunta, que ganho é este? E um alerta: filho não pode ser depositário dos dilemas do casal. Se em briga de marido e mulher não se mete a colher, o que é que o filho faz no meio?
3) Por uma série de sentimentos: a criança não vai parar no quarto dos pais no meio da noite só porque aprendeu a pular do berço ou a descer da cama sozinha. Estas habilidades ela pode demonstrar durante o dia. A criança procura os pais (e não a cama deles!) no meio da noite por algum incômodo: sede, frio, calor, medo, angústia, dor, pesadelo. Como cada família encara isto é o que faz a diferença entre procurar os pais no meio da noite se instalar na cama deles.
Se de um lado temos as necessidades e sentimentos da criança, que ainda precisa dos pais para solucionar ou lidar com algum incômodo, de outro, temos as necessidades dos pais, como não poder se privar do sono, gostar de dormir abraçado com o filho (que, só para lembrar, não é boneca ou paninho), compensar o tempo em que não passam juntos durante o dia, ter uma “desculpa” na vida afetiva-sexual do casal, entre tantas outras, muitas vezes não percebidas.
O grande problema em não perceber e reconhecer a sobreposição das necessidades parentais diante das necessidades da criança, é que a criança acaba sendo vítima dos pais, e não o contrário, como normalmente se avalia. Os pais não são vítimas dos filhos. São os pais que permitem que a criança durma em sua cama.
Quando os pais querem preservar sua privacidade como casal, têm firmeza em mostrar o lugar de cada um na constelação familiar e, mesmo fatigados e sonolentos, conseguem reconhecer e responder ao que a criança está sentindo, a cama do casal fica sendo apenas a cama dos pais e não o ninho da família.
Se seu filho dorme na sua cama, está na hora de colocar cada um no seu lugar. Se papai e mamãe não querem se encontrar na cama, problema dos dois. Filho tem estar fora desta história!

Um comentário:

  1. Este texto, de minha autoria, foi originalmente publicado em 04/09/2012 no blog Ninguém cresce sozinho. Lembrando que plágio é crime, solicitamos que o título seja mantido no original e a fonte citada, com link ao referido blog.

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